Uma Família Feliz é um longa metragem brasileiro que teve sua exibição no Festival de Cinema de Gramado, onde teve sua diferenciação no festival por ser caracterizado como um filme de gênero.
O longa que traz em seu elenco Grazi Massafera e Reynaldo Gianecchini, abalou o Festival com sua trama e performance diferenciada, mas infelizmente na competição com os demais longas, acabou por não levar nenhum Kikito, fator que em minha singela opinião pode ser dada ao fato da predestinação do festival a evidenciar produções sociais, que tragam minorias como protagonistas, e temas mais distantes da completa ficção, apesar aqui, da existência de uma protagonista feminina fortíssima.
Devemos aqui então, dar grande destaque a direção minuciosa do longa e a performance de Massa fera, uma atriz originalmente da televisão que nos surpreende pelo o o último, mesmo tendo iniciado sua carreira em um veículo que preza muito mais pela revelação.
Para os poucos acompanhados com a caracterização "filme de gênero", aqui é importante ressaltar que a mesma é dada para todo produto audiovisual cinematográfico caracterizado como filmes que tem semelhanças nos elementos de sua narrativa, na estética e na percepção emocional do espectador.
Uma Família Feliz é assim caracterizado pelos gêneros de Thriller e Suspense, e se pautando fortemente na linguagem cinematográfica, ou como meus leitores estão acostumados, no poder do implícito.
Com diversas sutilezas, a trama se constrói a partir de objetos simbólicos e sutilezas nas construções dos personagens que são percebidas apenas no subconsciente do público, e que o tornam ainda mais um filme ao mesmo tempo que comercial, intrigante, emotivo e fantástico.
Ao iniciar a sessão no festival fomos apresentados pelo diretor José Eduardo Belmonte, a seguinte afirmação, de que o resultado final do filme poderia não ser o que parece, de forma a evidenciar a permanência do público até os últimos segundos de filme e já revelando sua característica como um filme repleto de plots inimagináveis, ou pelo menos, inimagináveis para a maioria dos espectadores.
Uma Família Feliz consegue nos prender a trama pela dualidade de sentimentos e pela força da personagem principal, a mulher, mãe, esposa, vizinha e amiga, interpretads por Grazi Massafera, que gera ao mesmo tempo identificação e a profunda questão, estarei eu torcendo para uma anti-heroína ou estará ela realmente sendo vítima de injustiças? Fator dado principalmente pela própria construção do roteiro e da personagem, onde a cena introdutória da trama, gera mais dúvidas e intrigas do que respostas.
Para alem disso, a construção do suspense é dada principalmente pela ausência de explicações em um filme que abusa planos com uma iluminação de baixo contraste, mas sem grandes aspectos de luz e sombra como é comumente encontrado em filmes desses gêneros, aqui, os enquadramentos são amplos, claros, podendo ser considerados quase neutros, e que sua atmosfera avança junto da narrativa, iniciando calmos e se tornando cada vez mais caótico.
O elemento de maior destaque que foge a esse padrão, é o designer de som, que em cenas específicas busca e constrói sustos completamente de surpresa para o espectador, que pode facilmente pular da cadeira, e logo depois rir disso junto dos próprios personagens, ou seja... quebras de narrativas e expectativas que fora, construídas a tal forma que conseguem apesar disso não quebrar a completa imersão do público na tensão e emoção do filme.
Pode-se dizer aqui, que a construção minuciosa de cada personagem é a força motriz do filme, de forma que suas personalidades, gestos, interesse, trabalhos e tudo que lhes relaciona acrescenta informações valiosas a trama e guiam seus atores e sua equipe técnica.
Um grande e exemplo disso, é a profissão de Massafera, que interpreta a protagonista Eva, um nome representante de uma mulher que sai do paraíso, ou deveríamos dizer, de sua família feliz e se encontra em meio ao caos. No longa Eva é uma mulher com sonhos, desejos, ambições, que trabalha para manter suas aparências e para a construções de bebês Reborn perfeitas, se isso por si só já não é um forte simbolismo aplicado a direção de arte, performance e roteiro, caberá mais disso a você descobrir nas salas de cinema.
O longa entretanto não agrada a todos, é facil notar pequenos erros em seus efeitos especiais quando se tem um olhar mais meticuloso, mas no quesito entretenimento, comercial, imersão e emoção, fica aqui a minha grande indicação a um longa Brasileiro que chamou muito minha atenção no festival.
O longa Uma Família Feliz ainda não tem uma previsão de estreia nos cinemas. Até lá, confira aqui no blog a matéria sobre a coletiva de imprensa do filme realizada durante o Festival de Cinema de Gramado.
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