Durval Discos - O filme Brasileiro que é um patrimônio histórico!

Durval Discos é um filme do cinema brasileiro, filmado na cidade de São Paulo e que teve sua estreia no festival de cinema de Gramado em 2002, onde levou 7 kikitos, incluindo de melhor filme. Mas porque falar de Durval Discos em pleno 2023?

O longa que além de servir como um verdadeiro patrimonio histórico da cultura brasileira do inicio dos anos 2000, teve este ano digitalização em uma obra que saiu das peliculas 35mm para uma obra cinematográfica 4K e que volta aos cinemas agora em Novembro neste novo formato.

Agora se os prêmios e os bastidores da produção não são o suficiente para te convencer que o longa vale a pena, te convido a me dar mais uma chance aqui nesta crítica. Durval Discos poderia ser um filme sobre muitas temtáticas, com uma história que começa lenta e que nos ambienta no contexto histórico e cultural dos anos 2000, somos deparados com um protagonista diferenciado e extremamente expressivo, um dono de uma loja de discos de vinil em LP, que se vê em crise com o avanço dos cds na sociedade. Esta poderia ser uma trama de Durval Discos, mas não é.

Durval ainda, um homem por volta dos 30 ou 40 anos, mora com sua mãe e tem sua loja na frente da casa desta, porém, sua mãe está envelhecendo já não consegue cuidar da casa sozinha e muito menos se lembrar de tudo que lembrava. Aqui, a questaõ da valorização, do cuidado com os mais velhos, da resposabilidade, das questões financeiras e do envelhecimento dos pais e da dor que isso traz, poderia ser colocada em cheque, mas não, o filme ainda não é sobre isso.

Durval discos é um filme que vem para impressionar, com um plano sequencia de abertura estremamente criativo, e cenas iniciais de contextualização da vida de Durval e sua mãe, lentas e com diversas questões sociais e culturais colocadas em pauta, tudo isso logo é colocado em segundo plano para abordar uma história muito mais tensa e curiosa.

Poderia tudo isso ser considerado um desperdicio de diálogos, cenas, roteiro e composições que pouco acrescentam e muito demoram, aspectos que provavelmente não encontrariamos em filmes atuais, mas a verdade é que sua estrutura surpreende e encanta justamente pela diferenciação, pela problemática de varias questões que logo são esquecidas por algo muito maior e avassalador, algo que faz o ritmo acelerar e que nos prende do início ao fim, provocando aqui a paciencia do espectador, o poder de uma boa narrativa e de um bom ritmo ao conta-la.

Durval discos é um filme sobre o absurdo, sobre o envelhecimento, sobre a cultura sim, mas mais do que isso, é um filme sobre ética. Pois quando Durval percebe que sua mãe precisa de ajuda para cuidar da casa, resolvem contratar uma empregada por miseros 100 reais mensais, momento em que os absurdos começam, a jovem aceita, mas nunca imaginariamos que ela sumiria e deixaria para trás uma criança que chega aparecer no noticiario.

Quem é essa criança? para onde foi sua mãe? como confiou em dois estranhos que mal conhecia? o que tem a mãe de Durval? Como o dinheiro era tão desvalorizado? São essas as questões que nos provocam ao longo de todo o filme, ao mesmo tempo que a fotografia e arte carregada de simbolismos nos transportam para o inicio dos anos 2000, com suas músicas que são temática central do filme, bem como todos os objetos e comidas típicas brasileiras que tonam o filme um patrimonio cultural.

Poderia ser que nunca nos identificassemos tanto com Durval em pleno 2023, onde seria mais fácil nos padessessemos dele, mas a trama avança de tal forma, que um problema de 2002, poderia facilmente acontecer em qualquer ano, tornando-a ainda, atemporal.

Assistir Durval Discos é uma experiencia única, que deve ser encarada como necessária!