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Perdida - A Adaptação do Livro Brasileiro para os Cinemas

  • Carol Oliveira
  • 28 de jun. de 2023
  • 5 min de leitura

Cabine: BCBIZ

Distribuição: Disney - Star Original Productions

Estreia nos cinemas: 13 de Julho de 2023


Para o público feminino, amante de filmes e sagas literárias ou audiovisuais envolvendo amores improváveis e viagens no tempo, em 2013 chegava as livrarias Brasileiras o livro Perdida, de Carina Rissi, que mais tarde se tornaria em uma saga com 6 livros no total, e hoje em 2023, ganharia sua adaptação para os cinemas, com uma produção brasileira.

Quando pensamos em adaptações literárias é facil ir assistir ao filme repleto de dúvidas e suposições, expectativas de encontrar algo semelhante ao que viveu em sua mente ao ler o livro, ao que sentiu junto dos personagem ou ao que imaginou para a composição de uma cena apenas escrita em milhares e milhares de páginas. Mas em uma adaptação para o cinema, é evidente que essas expectativas nunca seriam sanadas o suficiente, afinal, como reduzir um livro de 364 páginas em um filme de no máximo 2 horas, essa foi a missão arriscada e ousada de Luiza Shelling Tubaldini que contou com o suporte próximo da escritora original da trama.

Não podemos basear uma crítica cinematográfica apenas no livro ao qual ela é baseada, a concepção de um filme vai além de descrições minuciosas da literatura e muito mais em como consegue gerar emoções e percepções em seu público e transmitir verdade e emoção. Mas a o filme perdida consegue fazer isso? Essa é a grande questão!

Como toda obra cinematográfica, Perdida tem seus pontos positivos e negativos, falando aqui de uma crítica que irá analisar cada um dos aspectos do filme em suas 7 áreas principais áreas, roteiro, direção e atuação, produção, direção de arte, direção de fotografia, designer de som e montagem.

A montagem do filme e seus efeitos especiais são o que menos chamam a atenção no filme, mas não se encane, isso é um ponto positivo, afinal... quando a montagem é falha, conseguimos notar os cortes e a imersão na história é quebrada. Com efeitos especiais de magia e viagem no tempo, o filme opta por escolhas distintas das descritas na obra literária, mas com total liberdade criativa e mantendo sua funcionalidade que adiciona ainda mais um caráter lúdico e de contos de fadas a história.

Quanto ao designer de som, a captação de efeitos sonoros e diálogos é perfeita, o grande destaque da problematização aqui, vai para as trilhas, que apesar de condizentes e ajudarem a nos relacionarmos com o relacionamento a ser construído com Sofia Alonzo e Ian Clarke, e contar com trilhas tanto de época como atuais, que traduzem essa distinção entre os dois personagens, em algumas cenas porém, essas trilhas acabam por aparecer de forma brusca, buscando arrancar bruscamente o espectador do local que se encontrava e empurra-lo para uma emoção que deve ser sentida naquele momento.

Quando a direção de fotografia, é notável o uso de planos e enquadramentos diferenciados, com uso constante de plongeés e contra- plongeés, para evidenciar uma importância de um personagem que não tinha sido explicada anteriormente, esses planos são bem construídos e alguns contam até com travellings e PAMs, evidenciando a ousadia do cinematógrafo. Já para a iluminação, o cuidado com a iluminação de época é evidente, evidenciando um uso excessivo e necessário de luzes de velas, um trabalho cuidadoso e que deve ser apreciado dado a complexidade de toda a continuidade do objeto.

Para a direção de arte, o grande destaque aqui, vai para a cenografia e para o figurino, feitos de forma perfeita e condizente com os dois períodos retratados, não deixa a desejar, pelo contrário, acrescentam mais informações e mais camadas sutis aos personagens. Grandes erros porém, chamam a atenção dos espectadores mais cuidadosos e observadores, principalmente nos pequenos objetos e na maquiagem. No caso dos props de personagem, é possível notar brincos e colares que encontramos atualmente nas lojas mais comuns do mercado, em bijuterias baratas e sem brilho que nunca poderiam ser utilizadas por personagens ricos e esnobes do século 19. O mesmo equivale para a maquiagem de época, onde evidentemente no local não existiam sombras com gliter e mascaras de cílios de fácil acesso.

No quesito da produção, é evidente que a maior parte dos recursos foi voltada para a escolha dos atores, que realizam seus papéis designados com perfeição, e para os cenários do século 21. Apesar de uma construção magnifica dos cenários e ambientações do século 19, é notável as escolhas narrativas para o uso de menos locações e espaços possíveis nas cenas históricas, se outros ambientes fizeram falta, acredito que apenas para os fãs mais ávidos da história dos livros aqui adaptada, pois para a construção narrativa, não houveram grandes perdas.

Falando agora justamente do roteiro e da adaptação do livro para o cinema, como dito anteriormente a história em si foi transcrita para as telas seguindo seu objetivo, de contar a história de uma jovem brasileira que vive nos anos atuais e que não acredita no amo, até de fato ter a oportunidade de encontra-lo no século 19. Porém, é inegável que se perde profundidade narrativa, não pela redução de cenas necessárias para contar a história, mas pela construção que deixa a desejar das cenas existentes no filme.

Em primeiro lugar devemos abordar o tema do filme, que como dito, se volta para a crença no amor e muito menos para uma crítica social a sociedade repleta de tecnologias e facilidades que encontramos originalmente no livro, o fato disso não ser abordado, não influencia fortemente na história, conseguimos compreender o filme da mesma forma, mas é inegável que a crítica social e essa profundidade amais faz falta para enriquecer a trama, alterando até a formação da protagonista.

Outro tema principal e que mais incomoda em todo o filme, é a construção dos personagens coadjuvantes, enquanto temos em Sofia uma personagem completa, carismática, com crenças, gostos, defeitos, e muitas cenas cômicas que arrancam risos sinceros de todo o cinema, o mesmo não pode ser dito dos demais integrantes do elenco, infelizmente.

Tendo em mente que para construir personagens criveis e realistas, o ideal é não cairmos em estereótipos, Perdida falha terrivelmente nesse sentido, onde alguns personagens aparecem claramente apenas como bons ou maus, a inocente, a manipulada, a interesseira e manipuladora, o galanteador e abusado, o príncipe no cavalo branco, a esnobe, a fofoqueira, o desconfiado e entre outros.

É verdade que esses personagens adicionam detalhes e camadas a vida e construção da protagonista, mas camadas que poderiam ser ainda mais profundas sem adição de grandes cenas e diálogos, apenas com singelas mudanças de apresentações e comportamentos que os tirariam da classificação estereotipada de personagens de contos de fadas, em um filme que busca justamente justificar que não existem contos de fadas e finais felizes não são necessários.

Perdida cumpre seu objetivo narrativo como adaptação, trazendo suspiros e risadas nos momentos certos e perfeitos, mas para os olhares mais críticos, o filme pode deixar a desejar principalmente em realismo e imersão.

O longa chega aos cinemas em 13 de julho de 2023 e para os amantes de romances de época e tramas de contos de fadas, vale a visita.


 
 
 

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