Meu Álbum de Amores - Um tributo as artes e as relações humanas
- Carol Oliveira
- 15 de ago. de 2022
- 4 min de leitura
Meu Álbum de Amores - Cabine por Sinny Assessoria
Distribuição: Pandora Filmes
Estreia: 18 de agosto de 2022
Filme Brasileiro

Um cartaz digno dos Beatles, um título que remete á um filme musical. Um filme que se mostra muito mais profundo do que isso, um verdadeiro tributo as artes e as relações humanas, e feito ainda com um cuidado e planejamento profundo, que se nota em cada cena, do roteiro á pós produção.
Meu Álbum de Amores veio para emocionar e encantar desde a primeira cena, com um roteiro tão bem construído que a história avança de forma natural e espontânea, transmitindo as mensagens para o público de forma sutil, eficaz e emocionante.

O que poucos sabem sobre o longa porém é que é o encerramento da trilogia de Rafael Gomes, que compõe também os filmes “Música para Morrer de Amor” e “45 Dias sem Você”. A trilogia porém se mantêm sobre uma mesma temática, a relação com a música e com elementos românticos.
No caso de "Meu Álbum de Amores", ao longo do decorrer da trama percebemos que ele se trata muito mais de relações humanas no geral, desenvolvendo com profundidade relações entre amigos, irmãos, mães, pais, colegas de trabalho, interesses amorosos e relacionamentos, tendo como base a divisão do longa em capítulos temáticos a partir de trilhas sonoras, de forma que as mensagens que captamos ao longo do filme facilmente poderiam se tornar mensagens reflexivas que encontramos na internet ou nas redes sociais.
Além disso, o longa que se propõe a fazer um filme sobre música, considerada a 1 Arte universal entre as 8 artes, consegue de forma sutil, fazer um tributo a quase todas as artes, com uma fotografia e direção de arte que merecem grande destaque.
Na foto o destaque vai para cor e iluminação, a foto auxiliando diretamente na imersão do público em todas as emoções que o filme quer nos passar, e a iluminação nos transportando entre presente, passando, futuro e um sonho do que poderia ter acontecido, cada um deles caracterizado por um estilo e cor de iluminação distinta, de forma que o presente sempre é nos mostrado com uma iluminação naturalista, com tons de marrom e branco, tal como a direção de arte; o passado, com tons de azul e marrom, ilustrando a criatividade e juventude e por último o lado do sonho de um futuro que poderia ter acontecido, é ilustrado pelo rosa, cor que nos remete muito a inocência e ao próprio sonho.

Já na direção de arte, estes mesmos tons de marrom e branco se mantêm, porém, o destaque aqui com certeza vai para os cenários complexos e que condizem com o desenvolvimento e perfil dos personagens, de forma que os próprios objetos são de grande importância para eles, de forma que o próprio filme gira em torno de com quem ficar um deles. Além do destaque super importante para o figurino, principalmente do protagonista, que vai se alterando e gradativamente ganhando mais cor, conforme ele se descobre e é mais fiel a si mesmo.
Na direção de arte podemos dar destaque também para a produção, que de forma sutil, nos leva no decorrer do filme para o contato com as demais 7 artes universais, nos transportando para palcos, teatros, museus, videoclipes, cinema.
Porém, o roteiro e a montagem também merecem destaque aqui, como a primeira coisa que é feita no filme pôde ser concretizada por uma das últimas.
No caso do roteiro, o destaque aqui vai para a quantidade de informações e reflexões que o filme consegue trazer, com alívios cômicos que vão contra tabus sociais, como o racismo e a resposta a isso, o encontro de um irmão perdido e a ausência de necessidade de fazer um teste de DNA pois não estão em uma novela, e muitos outros.

Trazendo ao filme uma maior proximidade com o público brasileiro que se identifica com esses clichês de seu dia a dia e mostrando ainda ao espectador, que esse não é qualquer filme tradicional de comédia brasileira, esse é um filme de amor e arte, que vai contra os preconceitos e tabus sociais.
Já na montagem, o destaque vai para o ritmo, onde apesar de se tratar de uma história linear, a montagem consegue nos manter presos do início ao fim ao introduzir um ritmo intrigante a narrativa, fazendo cortes sutis e levando o público em segundos do presente, para o futuro do que poderia ter sido, ou para o passado, nos fazendo adentrar na mente do protagonista nos momentos mais diferenciados de reflexão ou fuga da realidade.

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