Meu Vizinho Adolf - Um filme de simbolismos - Festival Filmelier de Cinema
- Carol Oliveira
- 16 de abr. de 2023
- 3 min de leitura
Atualizado: 20 de abr. de 2023
Cabine por: Atomica Lab
Distribuição: A2 Filmes
Estreia: 19 de Abril de 2023, nos principais cinemas pelo Festival Filmelier de Cinema

"Meu Vizinho Adolf" conta a história de Marek, um judeu idoso que mora sozinho em uma região isolada em uma casa com aspecto abandonado, após perder sua família para o Holocausto. Sua vida muda completamente quando um homem suspeito e misterioso se muda para a casa ao lado.
A trama, pela sua sinopse e início, parece dar vida a uma comédia, que se faz presente, principalmente frente às dificuldades de Marek ao lidar com o novo vizinho e seus extremismos. Porém, o filme se mostra muito mais um drama intrigante do que uma comédia por si só. Acompanhar a trajetória de Marek é uma grande jornada à sua mente e suas aflições.
No roteiro, o filme é inovador em alguns aspectos, começando com uma única cena do passado do protagonista. Apesar de não nos afeiçoarmos a nenhum personagem específico, passamos a compreender sua dinâmica familiar, o que importa a ele e, mais ainda, a importância das rosas pretas e sua relação com a solidão e o Holocausto.

A partir de então, inicia-se uma história de simbolismos, onde pequenos objetos e atitudes são muito mais importantes do que palavras. Isso é evidenciado pela narrativa, que apresenta uma grande variedade de planos detalhes e planos fechados em sua fotografia, além de diálogos simples, rodeados de mistério e com frases curtas que dizem muito mais do que se imagina. É uma verdadeira jornada à mente de Marek e sua superação do passado em um filme que se mostra principalmente sobre amizade, vingança e superação.
Para essa ambientação, o filme começa com uma trama alegre e animada, mas rapidamente somos transportados para o ambiente sombrio de desilusão e de vivência em um passado dolorido de uma casa em ruínas que não tem perspectivas de concerto. Tons acinzentados, sombrios e uma iluminação azulada trazem ainda mais um aspecto dramático e doloroso à obra.

Os simbolismos e o detalhismo, porém, não param por aí. O próprio protagonista é construído de forma metódica, como um idoso de poucos amigos e amante de uma rotina simples em que vive apenas para manter a lembrança de sua família viva, dando grande importância às rosas pretas. Elas acabam por ficar em segundo plano quando uma oportunidade de vingança aparece, momento em que seu detalhismo migra das rosas para a história e observação dos pequenos detalhes ao seu redor.
O próprio vizinho embarca nas suspeitas ao ser uma pessoa realmente misteriosa, do tipo que usa óculos escuros à noite, que tem hábitos diferenciados e que recebe pessoas suspeitas. Tudo é criado em torno dos personagens de forma a nos colocar junto de Marek em suas desconfianças e criar uma atmosfera de expectativa pelo que irá acontecer. É simplesmente impossível tirar os olhos da tela.

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