Coletiva de Imprensa - Mais Pesado é o Céu - Festival de Cinema de Gramado de 2023
- Carol Oliveira
- 23 de ago. de 2023
- 3 min de leitura

A Coletiva de Imprensa do longa Mais Pesado é o Céu, ocorreu na manhã do dia 15 de Agosto de 2023 na Sociedade Recreio Gramadense, após a exibição do longa no palácio dos festivais da noite anterior e contou com a presença do diretor Petrus Carity, dos atores Matheus Nachtergaele, Ana Luiza Rios, Danny Barbosa, Buda Lira, Silvia Buarque e a produtora Barbara Cariry membro da família do diretor, uma família que já veio do cinema e que é do setor do audiovisual.
Petrus Cariry que com Mais Pesado é o Ceú chega a marca de 7 longas produzidos, assim como O Barco, Mãe e Filha, O Grão, Clarisse ou alguma coisa, e entre outros. Petrus afirma que sempre foi um desejo seu realizar um filme de estrada, e que esta parecia ser a oportunidade perfeita.
"Eu sempre tive vontade de fazer um road movie para explorar essa possibilidade do ‘não-lugar’ do asfalto e dos espaços desertos preenchidos pelo drama humano. Penso a estrada no sentido do movimento e da mudança, do inesperado, das pessoas com seus sonhos e suas materialidades" Petrus Cariry
De acordo com Petrus, a filmagem do longa aconteceu durante o ano de 2021, de forma que para ele, o cenário político e sanitário do Brasil, tiveram influencia direta na composição do projeto.
“Como estávamos vivendo um período conturbado no Brasil, achei que o encontro de um casal de ‘desempregados’, na estrada, voltando para visitar uma cidade submersa, poderia me dar o espaço do drama e o tema adequados para eu falar desse momento” Petrus Cariry.
Devido ao momento de sua filmagem, a produtora e parente de Petrus, Barbara Cariry nos contou que:
"E nesse caso, o grande diferencial foi a equipe técnica e o elenco. Contamos com muitos parceiros generosos. Quando temos dificuldades, parceria e generosidade são coisas que fazem a diferença. Foi o encontro de uma enorme família de cinema com o desejo de contar boas histórias, caminhar pra frente e resistir"
O diretor complementou ainda que a presença de um elenco como o que ele conseguiu fez toda a diferença para a composição do filme, não poupando elogios.
"Em todo filme que fiz, contei com elencos maravilhosos. Mas a parceria específica dos atores que tive nesse projeto e a cumplicidade entre eles me deixaram impressionados. É um filme tenso, difícil, que trata de questões delicadas. Então eu precisava ainda mais dessa parceria. Rodamos ainda na pandemia, quando havia uma tensão constante no ar e um clima de Brasil devastado. Essa própria sensação se reflete na tela".
Quanto a composição da narrativa entre dois personagens tão marcantes, um homem e uma mulher com tão pouco e ao mesmo tempo tanto em comum, o diretor afirmou:
"O filme aponta caminhos. A vida real dos personagens é difícil e eles enfrentam situações muito complexas. Por isso é tão pesado – mas sem ser pessimista. No fim, perspectivas afetivas se abrem". "Na família disfuncional que apresentamos, o papel feminino é importantíssimo. As mulheres criam uma rede de apoio em cima daquele mundo patriarcal, machista, de homens brutos, onde estão sempre em situações-limite. Elas estão em uma rede de proteção, se compreendem e não se julgam".
Para complementar a afirmação do diretor, Matheus Nachtergaele disse:
"O Petrus não obriga os espectadores a acompanharem uma história e, sim, junto dos personagens, refletirem sobre a vida durante a contação de uma história. Nesse caso, não havia uma construção neurótica, realista e psicológica determinada pelo roteiro ou pelo diretor, e sim espaços, tanto para mim quanto para a Ana, colocarmos nossas subjetividades. Trabalhei compondo com o Petrus as pinturas dele, sem atrapalhá-lo com a psicologia do personagem. Pude fazer um trabalho muito feliz no sentido de voltar a filmar apesar dos perigos da pandemia e de fazer um filme raro, de artes, com tempos – coisas que sei que serão cada vez mais raros. De maneira ampla e poética, pude jogar minhas angústias no personagem".
A partir disso, a atriz Ana Luiza Rios afirmou:
"A paisagem do filme, que apresentava um horizonte tão vasto, nos ajudava a criar espaços – olhar grande, respirar, se expandir. Foi um processo forte e afetuoso. A gente discutia muito a narrativa. O tempo inteiro. Petrus sabia o que queria, mas sem apegos aos planos. E eu sei como ele filma bem o Sertão, então tinha certeza que ficaria muito bonito".
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