Boa sorte, Léo Grande - Um filme mais profundo do que se imagina.
- Carol Oliveira
- 25 de jul. de 2022
- 3 min de leitura
Boa sorte Léo Grande - Cabine por Espaço Z Marketing
Distribuição: Paris Filmes:
Estreia: 28/07/2022

Ao ler o nome do filme e sua Tagline (Slogan), rapidamente imaginamos estar prestes a assistir á um filme de comédia romântica, pastelão e adulto, mas "Boa Sorte, Léo Grande", se mostra ser muito mais do que isso.
O longa metragem conta a história de Leo, um garoto de programa e Nancy, uma mulher de meia idade insatisfeita consigo mesma e que o chama para que, pela primeira vez, possa ter uma noite de prazer e com um rapaz jovem.
A forma com que o longa traz ao público estas questões porém, é totalmente diferenciada. Com um jogo de câmera e direção de atores minucioso, o filme se destaca por apesar de conter muito diálogos, conseguir transmitir as emoções, sentimentos apenas a partir de um movimento de câmera ou uma reação ou ação de um personagem, ilustrando uma maestria do roteirista e diretor do filme.

O filme é leve, com uma trilha que nos transporta para o mundo de fantasia e risos que se espera de um filme de comédia, bem como de um garoto de programa. E seria errado dizer que não é divertido e que nos prende até o ultimo minuto, de forma que sua montagem, apesar de simplista nos faz passar pela 1h30 de filme rapidamente.
Porquê uma montagem simplista? Como disse anteriormente, o filme se utiliza da direção de fotografia para ajudar a expressar emoções, mas ao mesmo tempo, nos mantem em uma decupagem simples, que se adequa ao gênero do filme, principalmente por grande parte do mesmo se passar dentro de um quarto de hotel e se tratando do diálogo entre dois personagens. Porém, a fotografia também se mantêm nessa simplicidade ao nos manter vidrados nos diálogos e nas cenas, mantendo um único enquadramento durante um longo diálogo, o que não atrapalha e muito pelo contrário, nos vidra o olhar e nos propicia reparar nos pequenos detalhes, que não são mostrados por planos detalhes e sim nos planos abertos.

Agora falemos mais sobre esses diálogos, o filme surpreende por levar ao público a uma direção pouco esperada, por se tratar de dois personagens dentro de um quarto, há de se esperar que não haja muito que possa acontecer e um excesso de diálogos cansativo, mas quem pensa assim se engana, os diálogos e ações dos personagens são precisos, sem abertura para grandes criações, mas por si só, surpreendentes.
O filme consegue trazer em 1 hora e 37 minutos mais debates e reflexões a cerca da vida adulta, da auto estima e beleza esperada de uma mulher de meia idade, das expectativas das mães sobre os filhos e dos filhos na esperança de sana-las, dos tabus sociais frente a uma mulher religiosa que deveria se ater a certos comportamentos e um homem que se sujeita a um emprego tão mal visto socialmente, e muitos outros assuntos, de uma forma que muitos filmes mais densos e dramáticos não consegue fazer.
Por resultado, nos tornamos um espectador solicito, observador mas que ao mesmo tempo se relaciona profundamente com os dois personagens, torcendo sofrendo junto deles e se fascinando pela maestria de suas palavras e expressões reflexivas que facilmente poderiam cair nas redes sociais como mensagens motivacionais para todos os públicos.
Boa sorte, Leo Grande encanta, surpreende mas não perde seu caráter cômico, divertido e leve e mais ainda, chama a atenção já pelo cartaz ao trazer em seu elenco Emma Thompson, atriz ganhadora de muitos prêmios e que não deixa a desejar neste longa.

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