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Ao Seu Lado - Filme Britânico Sobre uma Sociedade Homossexual

  • Carol Oliveira
  • 21 de jun. de 2023
  • 4 min de leitura

Cabine e Distribuição: A2 Filmes


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Ao Seu lado é filme Britânico, do diretor Matt Carter, mas conhecido por sua carreira como diretor de fotografia de cinema e realizador de efeitos especiais de filmes conhecidos, como Ardor e Indiana Jones e a Relíquia do Destino. O longa retrata a história de um grupo de homens, jogadores de Rúgbi em que aparentemente todos são pertencentes a comunidade LGBTQIA+, trazendo protagonismo a dois desses homens, Mark e Warren.

A trama sensível, de ritmo lento e caracterizada pelo estilo clássico dos Dramas Românticos, tem um aspecto segmentar, onde delimita de forma explicita seu público alvo, ao trazer para a história aspectos exacerbados de masculinidade, como por exemplo o próprio jogo de rúgbi, as festas e bebidas exageradas, a cultura masculina e a predominante ausência de mulheres ao longo da trama, salvo raríssimas exceções apenas nos últimos minutos do longa.

Além disso, traz a tona aspectos da própria comunidade LGBTQIA+, de uma forma leve, naturalista como deve ser e relatando o dia a dia, crenças e comportamentos, porém de uma forma tal que o resto do mundo parece nunca existir ou influenciar em sua existência, é facil em meio ao filme imaginar que esse grupo de personagens homens, jogadores de rúgby e homossexuais vivessem em uma ilha, tal a falta de personagens de outros gêneros e orientação sexual.

Além disso, a escolha de seu público alvo fica explicita ao longo de toda a trama, um público de classe A, masculino e homossexual. Essas escolhas ficam evidentes, pois além de trazer apenas essa caracterização de personagens, somos constantemente assolados por imagens de paisagens ricas, ambientações de personagens pertencentes a elite e a fácil propaganda de ambientes mais acessíveis para essa classe social, como por exemplo apartamentos em coberturas de prédios em meio a Inglaterra, estações de Sky nos lugares mais famosos e ricos da França e por ai vai, de forma que até mesmo essa caracterização é usada como descrição do personagem principal Mark, como muito sortudo e fortunado em grande parte do filme.

Esse público alvo fica explicito também, pelas escolhas fotográficas da trama, que em todos os momentos possíveis, se aproveita das situações mais banais para trazer sexualização e erotização das cenas e dos personagens, desde os enquadramentos como planos detalhes lentos e demorados em gestos eróticos, até o slow motion presente em todos os jogos de Rúgby em que os personagens "rolam" na lama e "se agarram" para impedir o adversário de ganhar.

O aspecto do rúgby também é muito peculiar, sendo apresentado de uma forma a nos proporcionar uma variedade de homens homossexuais, com personalidades, algumas mais construídas e outras extremamente estereotipadas, como o treinador mal e o treinador bom, o personagem fofoqueiro, o bêbado, o amigo de todos, o sem escrúpulos e por ai vai, onde apenas os dois protagonistas Mark e Warren realmente tem a chance de ganhar uma construção mais aprofundada, mas sempre com pontas soltas que geram grandes dúvidas na mente do espectador e que nunca são resolvidas.

A ausência ou quase ausência de personagens do gênero feminino, poderia ser facilmente esquecida, se não fosse a presença de duas personagens que aparecem pouco antes do filme de fato ter fim, a mãe de Mark, uma personagem descrita como excêntrica e que exagera no vinho e que aconselha o filho a tomar uma decisão oposta as ambições geradas no espectador.

A outra, uma mulher sem nome, que aparece nas ultimas cenas do filme apenas para exemplificar a um personagem que não fazer parte dos amantes de rúgbi, o que esta havendo no jogo, uma tentativa clara de incluir personagens do sexo feminino e de resumir ao público que não é habituado ao jogo um aspecto extremamente superficial do que esta se passando no momento.

O rúgbi por sua vez, para os que não conhecem ou compreendem o jogo, gera inúmeras dúvidas, de modo que termos técnicos como Time A, Time B e Stag são usados constantemente como divisão de membros e classe dentro do clube, de forma que para os menos acostumados com o termo, essa parte do filme parece perdida. Onde até mesmo Stag só compreendemos que se trata do nome do clube onde jogam, quando o filme está prestes a terminar.

Apesar de vários erros narrativos e várias tendencias clássicas de agradar a um público específico e cumprir com cotas sociais, é inegável que o filme possui qualidade técnica, com atores que transmitem verdade, enquadramentos bem trabalhados e alguns artísticos e de grande destaque nas cenas de grande tensão, direção de arte e produção que não poupou recursos frente a grande quantidade de personagens e locações e um designer de som que concentrou seus esforços em trazer uma trilha leve, sutil e tornar os folleys e pequenos sons do dia a dia o grande destaque de sua arte, auxiliando ainda mais no aspecto da sexualização da trama.

Tendo em mente que a crítica que vos fala é uma mulher branca, brasileira de classe média, o longa claramente não tinha a mim como publico alvo, sendo extremamente capaz de agradar ao público masculino pertencente a comunidade LGBTQIA+, com sua sensibilidade e dramaticidade, mesmo que todos seus problemas e narrativos.

Sabendo disso, é importante ter em mente que o filme passou por diversos festivais internacionais como BFI Flare Festival em 2022, seleção oficial do festival de cinema LGBT de Dayton em 2022, festival Outfilm Poznań, Hong Kong Lesbian & Gay Film Festival em 2022 e no Inside Out Toronto LGBT Film Festival. Além disso, foi indicado para Melhor Primeiro Longa-Metragem no Frameline Film Festival 2022 e venceu os prêmios de Melhor Primeira Narrativa e Melhor Ator no FilmOut San Diego Film Festival 2022, Melhor Narrativa do Público no Out On Film Film Festival Atlanta 2022, Melhor Narrativa no ReelQ Pittsburgh Film Festival 2022 e vice-campeão de Melhor Longa-Metragem no OutShine Film Festival Fort Lauderdale 2022.

Ao seu lado chega aos cinemas brasileiro dia 22 de junho de 2023.




 
 
 

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